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Tudo sobre a feliz experiência de ter me tornado vegetariana. Longe da farinha branca, do açúcar e do leite há algum tempo. Na busca por uma alimetação mais alcalina. mô amorim

domingo, 28 de abril de 2013

Por exeperiência própria

Uma crença prova apenas a existência do fenômeno da crença, mas de nenhuma forma a realidade do seu conteúdo. É preciso que este se revele empiricamente, em si próprio, para que eu o aceite. 
C.G.Jung



Quando me coloco a pensar como tudo começou, eu volto ao passado. Eu sempre fui daquelas pessoas que, em vez de duvidar, eu queria ver se algo funcionava mesmo. Desde a experiência com feijão no algodão na infância, dormindo com o copinho no quarto, até as descobertas sobre alimentação em um livro antigo que veio parar na minha mão quando eu tinha vinte anos, eu queria experienciar, comprovar, para poder aceitar ou rejeitar.  

Foi um vendedor, daqueles que passavam nas casas, que ofereceu dois exemplares: "Vida Naturalista ao alcance de todos" e "Plantas que curam" do autor chileno Moreira Yarza Acharam. Eu tinha 20 anos e muito tempo para ler. Esmiucei o primeiro livro e senti lógica e coerência no que lia. No entanto, havia coisas para serem aplicadas ali que não dariam certo na minha vida. E além do mais, qualquer mudança demanda energia e certa dose de audácia. Eu não queria enfrentar o mundo. E não queria abrir mão das coisas que eu comia e nem da parte social que envolve as refeições. Mas sementes ficam. E uma das minhas mais recentes teorias afirma que quando você chega à porta do seu caminho, você sente isso de uma maneira sutil, delicada por dentro. O nome disso é intuição e que pena que trancamos tanto os ouvidos de dentro para ela!



É como se a tua verdade chamasse você, mas com uma voz branda, calma, imperceptível aos ouvidos dos outros. Só você sabe. O tempo passou e logo depois vieram meus filhos. Sempre fui elogiada pelo pediatra deles por não entupi-los com guloseimas sem valor nutritivo. Mas a comida é algo sedutor para o ser humano e a gente acaba se perdendo em algum momento

Aos vinte e seis anos, por causa de uns quilinhos a mais, passei a pesquisar sobre os alimentos e suas calorias. Passei a entender certos processos alimentares, porém, minha busca era técnica. Durante este tempo e nos anos subsequentes, li muitos livros de Nutrição, apesar de cursar Letras. Na biblioteca da faculdade a moça me perguntava toda hora: "_Tem certeza que não quer mudar de curso"? 


O tempo foi passando e eu aceitava todo e qualquer veneno comestível, apesar de saber que estava em desacordo com a minha consciência. Vivia doente e nem sabia por quê, quando em 2001, fui diagnosticada com leucopenia. Gostaria muito de lembrar o nome do médico que me atendeu em Piracicaba para agradecê-lo, porque foi ali que abri mais meus olhos para o poder da alimentação em nossas vidas. 


Ele orientou-me quanto aos alimentos que eu deveria consumir: apenas frutas, legumes, muita água e o único alimento animal que ele permitiu foi o peixe. Eu achei bem radical e questionei se não iria ficar mais fraca do que já estava. Perguntei o porquê da restrição à carne vermelha e ao frango. A explicação que me deu foi que ambas as carnes recebiam muitos hormônios e antibióticos e, portanto, iriam deprimir meu sistema imunológico. 


Fiz conforme ele mandou e em poucos dias os níveis dos leucócitos voltaram ao normal. 

Não permaneci nessa alimentação e voltei a comer de tudo sem ouvir minha consciência. Dos 22 anos em diante, foram inúmeras pneumonias por causa de bronquiectasias oriundas de um sarampo muito forte que tive na infância. E o ciclo estava montado: tomava medicamentos que provocavam a leucopenia. E estando fraca, pegava facilmente gripes que se transformavam em novas pneumonias. 


E com todo esse quadro, eu teimava em esperar apenas dos remédios a minha melhora. De certa forma, procuro me absolver pois vivia uma vida louca entre filhos, faculdade, casamento falido, empregos e sonhos. A vida era um furacão e eu era jogada-lançada de um lado para outro sem nunca assumir a direção e pousar.

Em 2008, cansada de ficar doente, veio à memória a lembrança da consulta com aquele médico em Piracicaba e passei a pesquisar sobre a relação da carne vermelha com a leucopenia e outras doenças. Uma coisa é em uma consulta de meia hora você receber instruções acerca dos malefícios de um alimento. Outra coisa é você ler com seus próprios olhos, ou seja, você ser o responsável pela busca e pela descoberta. O que fazer então ao se deparar com a verdade? Continuar impassível? Continuar fingindo que não faz mal só porque todo mundo come? Como contar para a turma do boteco que você não vai comer a porção de filé acebolado? Ou que vai apenas comer o pão com vinagrete no churrasco? 

Mas não pensei muito e no dia 1º de setembro de 2008 parei com todas as carnes vermelhas e com o frango. Permaneci comendo somente peixe e mesmo assim, esporadicamente. Não dei muita atenção ao resto da minha alimentação. Fui sentindo uma melhora: menos gripes e crises de pulmão e mais calma. Sim, fui ficando menos agitada sem a carne. Ao mesmo tempo, fui ficando mais sensível às cenas bonitas do dia, ao olhar dos animais. Os níveis dos leucócitos normalizaram-se. 

Com o tempo, fui lendo uma coisa aqui outra ali, mas sem muita diligência. Assisti a alguns documentários e também li livros sobre o abate dos animais para consumo humano. Essas coisas mexeram sobremaneira comigo a ponto de não enxergar mais um bife com a mesma consciência de antes, mas sim como um cadáver no prato. 

A partir de então, o consumo de peixe me incomodava, mas eu ia deixando de pensar nisso, como muitas coisas que vamos deixando na vida. Eu não me sentia forte nem física nem emocionalmente para tomar uma decisão assim. Hoje, entendo que do jeito que eu me alimentava, não tinha como ficar de fato nutrida. Eu cometia muitos erros nutricionais, como o consumo exagerado de açúcar, farinha branca e laticínios. Esses três componentes são os grandes sequestradores da vitalidade e da saúde (sobre isso escreverei em outra oportunidade). 

Mas a vida nos surpreende. Em outubro de 2012, levei um grande susto com o pulmão novamente. Fiquei internada durante cinco dias. Saí de lá querendo mudar a vida. Em alguns momentos, temendo se haveria vida pra mudar. Após a internação, eu me senti perdida. As pessoas à minha volta olhavam para mim e diziam: "_Você precisa de uma comida mais forte, muita carne ensopada, mocotó, fígado de boi...". Apareciam pseudo-nutricionistas aos montes e eu, que já havia desenvolvido asco por carne, não sabia mais o que pensar. 

Foi então que há alguns meses, mais uma vez a leucopenia me pegou após ser medicada com um antibiótico para o pulmão. Fiquei muito fraca, com muita dor nas pernas. Minha intuição me contou que eu estava com os leucócitos baixos e não deu outra: 2.000. Dois dias depois, fui diagnosticada com dengue (meu médico havia me avisado para não "aprontar" essa). Bem, com leucócitos baixos, neutrófilos baixos e plaquetas baixas, eu reagi e disse a mim mesma a famigerada frase: ou vai ou racha! 

Abri o livro de Medicina Natural do tal chileno, aquela leitura dos meus vinte anos, e comecei a sorver tudo que lia pela frente. As explicações foram me aquietando e, ao mesmo tempo, me trazendo arrependimento, um certo remorso por poluir tanto meu corpo com uma alimentação que não alimentava de verdade. Quantas pessoas vi padecerem de doenças e culparem a Deus por isso, sendo que a saúde, na maioria das vezes, é questão de escolha e responsabilidade nossa? Quantas comidas parecem inofensivas e causam danos enormes às células? Por dentro, eu sentia que os nutrientes que entravam em mim, não cumpriam seu papel, como se minhas células estivessem herméticas, plastificadas por tanto alimento ruim e industrializado. Vale lembrar aqui que nem tudo que chamamos de 'alimento' trata-se de alimento, e sim, algo comestível. 

Então, no meio do caos e sozinha em casa, resolvi arriscar e seguir minha intuição consumindo apenas frutas, legumes, verduras, castanhas e muita água. Em dois dias, sem nada de carne, laticínios ou produtos industrializados, ao fazer outro exame de sangue, vi os leucócitos, neutrófilos e plaquetas voltarem a um nível normal e satisfatório. O bem estar que se seguiu depois disso foi tão grande que estou me alimentando assim até agora. Consultei um nutrólogo que tem me orientado nessa nova forma de me alimentar.  


A cada dia tenho descoberto novas maneiras de preparar os alimentos, novas combinações e temperos. Tenho iniciado o dia com o famoso suco de couve com maçã, que é revigorante e delicioso.

livro do médico especialista em nutrologia Dr.Eric Slywitch
Bem, depois de tanta leitura e reflexão, tornar-me vegetariana foi inevitável. Eu preciso dizer que estou muito feliz. Meu sono é outro: agora, não acordo mais cansada. Não tenho mais vontades loucas de comer tudo que vejo pela frente: a impressão que tenho é que estou saciada por dentro, ou seja, as células estão de fato alimentadas com os nutrientes próprios para elas. Sinto que desinchei um tantinho. Minhas vontades são saudáveis. Meu humor melhorou e a tendência a ficar melancólica por qualquer coisa foi embora. Não sofro de oscilações como antes. Estou mais calma e confiante. A parte emocional-mental, que comanda minhas atitudes parece ter sido reprogramada. Não sei ainda se isso tem confirmação científica, só sei que tudo isso tenho vivido por experiência própria. 

A ideia de montar este blog surgiu da vontade de falar das minhas descobertas sobre a alimentação natural. Cada ser humano tem o direito de fazer suas escolhas. Só temo que em nossa sociedade isso não seja dado como direito aos indivíduos, pois as indústrias alimentícias, os grandes frigoríficos e os produtores agrícolas escondem fatos importantes de nós. Sem falar no volume intenso de propagandas de comidas sedutoras e assassinas silenciosas. 

Aos poucos, tudo que tenho descoberto será colocado aqui, compartilhado a fim de ajudar e trazer luz sobre o assunto com o intuito de refletir sobre o impacto da alimentação sobre nossa saúde. Não tenho a pretensão de convencer ninguém. Como disse Saramago, convencer é colonizar o outro. E isso eu não quero não. Quero sim que cada um seja feliz tenha sempre o direito de fazer suas escolhas, mas sobretudo tenha o direito de discernir através de informações confiáveis. 

"mas nessas terras, poucos sábios há que possam me ajudar
eu mesma
e sempre
eu mesma
é que posso me segurar
há uma lamparina sobre a mesa do meu interior
dia e noite
e nem mesmo o vento
a tempestade
as noites pesadas
conseguiram apagar o que eu sou" 


(fragmento do poema 'Essência'de minha autoria,postado no blog www.estripitizese.blogspot.com)


Continuemos então a busca. Um beijo, muita paz e saúde, mô amorim.

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